O Castelo da Lousã, também conhecido por Castelo de Arouce, ergue-se de forma imponente e dominadora, no topo de um monte escarpado, na margem direita do rio Arouce.

Por muito militares que sejam e pareçam os castelos portugueses – mesmo os poucos solarengos não deixam de ter caráter bélico eu – existem uns quantos que despertam apetite de posse, não para desempenhar responsabilidades de alcaidaria, mas para fazer ali em casa e viver e saborear cada dia belezas invulgares.

Em lugar cimeiro de hipotética lista preferencial estaria este da Lousã, por si próprio e pelo sítio onde se encontra, o cenário ideal de romance de cavalaria. E de lendas. Vocês não houvesse teriam de inventar se pois o castelo da Lousã, o Vale da Ribeira de Arouce, a densa floresta nas íngremes encostas, parece estarem para lá da realidade.

Descrição do Castelo da Lousã

Pequeno castelo com planta irregular aproximadamente hexagonal cercando um pequeno terreiro.

Dominado a norte pela torre de menagem que se encontra encostada à muralha. A Torre de Menagem é de secção quadrangular com uma porta ogival a nível dos adarves. Apresenta seteiras para o lado oposto e mais duas no andar superior em cada uma das frentes.

A entrada do castelo está situada a sudeste, e é protegida por dois cubelos semi-cilíndricos: a sudoeste, um outro cubelo mais alongado e a oeste outros dois mais pequenos completam as estruturas defensivas, juntamente com os panos da muralha, rematados por merlões chanfrados, semelhantes aos da torre de menagem.

História do Castelo

Em 1080 o Conde Sisnando Davides ocupou pacificamente a povoação.

Mais tarde o Castelo cairia no poder dos mouros. No entanto, em 1124, foi reocupado Dona Teresa que procedeu à sua reparação e recuperação.

Posteriormente, em 1151 foi atribuído o foral por D. Afonso Henriques a esta povoação.

Ainda no século XXII este castelo teve um grande valor militar, devido à importância da sua posição, embargando as incursões dos mouros vindas do vale do Zêzere.

No século XIV foi finalmente construída a torre de menagem.

Em 1513 é atribuído novo foral por Dom Manuel. O Castelo da Lousã faz parte do Senhorio dos Duques de Aveiro até 1759, data a partir da qual passa para a Coroa.

Em 27 de abril de 2019, o castelo é reinaugurado após importantes obras de requalificação levadas a cabo pela Câmara Municipal da Lousã.

Foi também construído um miradouro e um posto de acolhimento.

Lenda do Castelo da Lousã

Com maior ou menor soma de protagonistas e versões mais ou menos fantasiosas repete-se há séculos a lenda do Rei Arunce e de sua filha – lindíssima, tinha de ser.

Pelo ano de 79 antes de Cristo, Arunce, que deu o nome ao rio depois de corrompido para Aronce, era rei de Conimbriga quando o general romano Sertório andava por aí em reunião armada e a grande cidade romanizada chegavam um braço de mar e pesados veleiros. Um dia aparou a Conimbriga aguerrida frota de assaltantes com o único fim de se apoderar do imenso tesouro do Rei Arunce.

Escapou-se em bom momento o rei, mais a princesa mais, mais o fabuloso tesouro, metendo-se pela a nascente onde fez castelo escondido em apertado vale entre exuberante floresta cheia de medronheiros e de boas águas.

Mas ainda não bastava ao prudente Arunce. Diz-se que escondeu a filha e suas damas no inacessível castelo, enterrou aqui o tesouro e partiu para Cartago a pedir auxílio ao seu amigo, o rei daqueles estados, a fim de poder recuperar a perdida Conimbriga.

Nada consta sobre o fim, triste sem dúvida, da lenda do Castelo de Arouce-Lousã.

Consequências teve, reais e não lendárias, quando o castelo deixou de ter interesse e funções militares. Sucessivas gerações de irresponsáveis pesquisadores de tesouros, fiadas na lenda do rei Arunce e da princesa Peralta, desmantelaram tudo quanto fosse possível da bela fortaleza na vã esperança de encontrar as preciosidades escondidas.

Mais do que batalhas ou de tormentas, o Castelo da Lousã foi vítima da estupidez humana.

Referências

• Roteiro do Monumentos Militares Portugueses, João Almeida