Castelo de Almourol


O Castelo de Almourol é um dos monumentos militares medievais mais emblemáticos da Reconquista, sendo, simultaneamente, um dos que melhor evoca a memória dos Templários no nosso país.

Castelo de Almourol
Castelo de Almourol (rio Tejo)

Encontra-se situado numa pequena ilha, bem no meio do rio Tejo, entre Constância e Vila Nova da Barquinha, distrito de Santarém.

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História do Castelo

Pouco se conhece sobre as origens da construção inicial do local. Talvez um primitivo reduto lusitano, certamente pré-romano. Sabe-se que foi posteriormente conquistado pelos romanos, seguido de vagas sucessivas de ocupação durante toda a idade média.

Quando finalmente foi ocupado por Portugal, em 1129, o castelo já existia e chamava-se Almorolan.

Foi entregue aos Templários, que eram os principais responsáveis pela defesa da capital dessa época, Coimbra. O castelo foi reedificado e, dessa forma, assumiu as características arquitetónicas e artísticas essenciais, que ainda hoje se podem observar.

A conclusão das obras deu-se em 1171, escassos dois anos após a grandiosa obra do Castelo de Tomar, mandada edificar por Gualdim Pais. A sua atividade construtiva à frente da Ordem, nas décadas de 60 e 70 do século XII, foi verdadeiramente surpreendente. São, aliás, várias as caraterísticas que unem ambos, numa mesma linha de arquitetura militar templária.

Lenda do Castelo de Almourol

Sobre o Castelo de Almourol conta-se a lenda de Dom Ramiro, um alcaide severo, que alimentava a fúria matando por tudo e por nada os mouros que encontrava à sua frente.

No regresso de uma das suas frequentes saídas para combatê-los, encontrou duas mouras, mãe e filha, tendo a filha uma bilha de água na mão. Como vinha com muita sede, pediu-lhe água. A jovem, assustada, deixou-a cair, estilhaçando-se no chão. O Alcaide enfurecido ripostou tirando a vida a ambas, a golpes de espada. Só então percebeu que um menino muito jovem o observava em lágrimas, era o irmão e filho dos seres que acabara de matar. Resolveu assim poupar-lhe a vida e levá-lo como escravo para o castelo.

Entretanto o menino cresceu, sempre a alimentar a esperança de um dia fazer justiça.

Acontece porém que o Alcaide tinha uma filha da mesma idade e, entre ambos, nasce uma discreta afeição. Mas ambos sabiam que não podiam levar esse sentimento por diante, pois o Alcaide os castigaria severamente.

Só que um dia, Dom Ramiro partiu para mais um dos seus combates e tardou em regressar. Passara mais de um ano, tempo suficiente para que os dois jovens, sentindo-se livres assumissem a sua paixão.

Por fim, das ameias do Castelo de Almourol avistaram a chegada do Alcaide. O jovem mouro sabia que, certamente, a sua vida não seria poupada quando o pai da sua amada soubesse da relação entre ambos. Foi então que os dois decidiram lançar-se às águas do Tejo num fraco batel, desaparecendo na neblina.

O Alcaide já não os encontrou à chegada, e teve o resto da vida para enfrentar tal sofrimento. Diz-se que se fez peregrino, e correu o mundo na esperança de encontrar a filha, deixando assim o castelo ao abandono.

Diz ainda a lenda que, em noites de São João, das ameias do castelo se avistam dois vultos que se enlaçam amorosamente.

O Castelo de Almourol na atualidade

Extinta a Ordem, e afastada a conjuntura reconquistadora que justificou a sua importância nos tempos medievais, o castelo de Almourol foi, assim, votado a um progressivo esquecimento.

Em conclusão, no século XIX, inserido no processo mental de busca e de revalorização da Idade Média, o castelo foi reinventado, à luz de um ideal romântico de medievalidade.

O interior do Castelo de Almourol

Muitas das estruturas primitivas foram sacrificadas. Mas foi em benefício de uma ideologia que pretendia fazer dos monumentos medievais mais emblemáticos verdadeiras obras-primas, sem paralelos na herança patrimonial.

Como visitar o Castelo de Almourol

Como visitar o Castelo de Almourol é uma pergunta pertinente. O Castelo está localizado no meio do rio Tejo e não existe, de facto, uma ponte que nos leve até, por isso a pergunta é faz todo o sentido.

Fique então a saber que existe um acesso à ilha e ao castelo em embarcações com capacidade para 10 pessoas. A entrada faz-se, dessa forma, no Centro de Interpretação Templário de Almourol (CITA). Ver mapa.

Horários

No período de 1 de outubro a 30 de abril o monumento encerra à 2.ª feira.

De manhã, 10h às 13h (última passagem para o Castelo às 12h20). De de tarde, o horário é das 14h30 às 17h30 (última passagem para o Castelo às 16h40).

Finalmente, o preço do bilhete normal é 4 € por pessoa, incluindo igualmente a visita ao CITA, no horário respectivo.

Referências

Miguel Pinto

Sou o editor principal do site Cidades Portuguesas. Adoro explorar todos os pormenores que deram origem à riqueza cultural das povoações portuguesas. Neste site pretendo dar a conhecer as cidades através dos seus monumentos históricos, das suas igrejas, das suas gentes.

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