Castelo de Óbidos


O Castelo de Óbidos, fortaleza que protege a vila das rainhas, é um dos principais exemplares da fortificação medieval portuguesa. Implantado sobre um pequeno monte, outrora à beira-mar, domina a planície envolvente e o rio Arnoia, a leste.

Castelo de Óbidos

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História do Castelo de Óbidos

O castro primitivo

A primitiva ocupação humana deste local, remonta a um castro romanizado, sucessivamente ocupado por visigodos (séculos V a VI) e muçulmanos (século VIII). Atribui-se, dessa forma, a estes últimos a edificação do perímetro muralhado, como se pode constatar observando determinados trechos, com características muçulmanas.

Castelo e cerca da vila muralhada
Castelo e a vila muralhada

Dom Afonso Henriques conquista o Castelo de Óbidos

Estamos no ano de 1148 e Dom Afonso Henriques faz cerco ao Castelo de Óbidos. Pretende tomá-lo aos Muçulmanos.

Mas sejamos realistas. A hoste portuguesa não tem homens nem meios materiais para levar a cabo tão difícil tarefa. Com toda a certeza, um ataque frontal representará a derrota total das tropas portuguesas.

Mesmo assim Dom Afonso Henriques manda formar o exército, organiza-o em posição de ataque, e começa, lentamente, a subir a colina.

Os muçulmanos, ao perceberem que o assalto está eminente, correm em força a tomar posições na muralha que defende essa frente.

O que quase ninguém sabia é que um grupo de guerreiros portugueses, liderados por Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, rastejando camuflado por entre arbustos, durante a noite, conseguira ficar escondido junto a uma porta frágil do castelo, localizada na frente oposta.

Os defensores, ao responder ao ataque frontal de Afonso Henriques, deixaram essa porta mal guardada. E foi assim que Gonçalo da Maia e os seus melhores homens surpreenderam a defesa sarracena, abrindo, de seguida, o portão principal às tropas portuguesas.

Após as grandes conquistas de Santarém e Lisboa, seria insensato deixar bolsas inimigas na retaguarda antes de marchar para as conquistas dos territórios a sul do rio Tejo.

Descrição do monumento

O castelo apresenta uma planta trapezoidal, a sudeste da cerca velha, no extremo noroeste do circuito muralhado. É reforçado a norte por três cubelos semicirculares e um quadrangular, a leste e oeste por torres quadrangulares ameadas, denominadas de Torre Dom Dinis e Torre Dom Fernando. Da mesma forma, é reforçado do lado sul por dois cubelos semicirculares, um deles rematado por balcão com mata-cães. Uma barbacã envolve-a a norte e oeste. Junto à muralha divisória das duas cercas e a ela unida por arco, temos a torre albarrã ameada quadrangular.

O recinto muralhado

O recinto muralhado é rematado por merlões quadrangulares rasgados por seteiras e adarve. Apresenta uma planta triangular irregular. Primeiramente, do lado oeste, temos a linha de muralhas retilínea, acompanhando o cimo escarpado do monte rochoso sendo reforçada por torres quadrangulares de grandes dimensões. É, assim, rasgada pela porta da Cerca, com barbacã, pela porta da Talhada e pelo postigo do Jogo da Bola. Finalmente, termina no ângulo sudoeste na torre do Facho, de seção quadrangular.

A partir daqui adapta-se à irregularidade do terreno seguindo para nordeste e infletindo depois para noroeste.

Na zona mais escarpada a norte e leste, é reforçada por cubelos semicirculares e pelos torreões do castelo.

Dentro da cidadela, encostado à face norte da cerca velha, encontra-se o Paço dos Alcaides, cujo acesso ao recinto é franqueado por muro alto, reforçado por cubelos, um dos quais é rematado por balcão com mata-cães.

Castelo e o moinho
O castelo e o moinho

Obras / Alterações

Dom Sancho I deixou na Torre do Facho, ao extremo sul da muralha, assinalada a sua obra. Dom Dinis, Dom Fernando e Dom Manuel deixaram, do mesmo modo, marcas das suas relevantes beneficiações.

Foi Dom Sancho I responsável pela adaptação da torre albarrã a cadeia, e pela reforma geral da muralha.

Já Dom Dinis restaurou e ampliou a antiga alcáçova, construindo, da mesma forma, barbacãs junto às portas.

No século XIV foi ampliada a alcáçova e construiu-se uma torre de menagem (Torre de Dom Fernando). Fez-se também a ligação da alcáçova à igreja de Santiago.

Posteriormente, no século XVI a ocupação intramuros expande-se para Oeste e Sul.

Já no século 16, D. João de Noronha, alcaide-mor, reconstruiu os Paços do Alcaide para sua residência e fez obras de reforça das muralhas.

Mais tarde, em 1842, a torre albarrã foi adaptada a torre-relógio.

Em 1869 é construída a escada exterior de acesso à torre de Dom Fernando.

Finalmente, em 1948, é construída a pousada, conforme projecto de João Filipe Vaz Martins.

Óbidos, a vila das rainhas de Portugal

Desde Dona Urraca, mulher de Dom Afonso II, Óbidos foi vila das rainhas portuguesas, o que demonstra a gentiliza e o gosto dos seus reais esposos.

A partir de Dom Dinis, que também presenteou o senhorio de Óbidos a sua noiva Dona Isabel, Infanta de Aragão e também nossa Rainha Santa, a vila acastelada ficou mesmo vinculada à Casa das Rainhas até à data da extinção dessa casa. Por isso, estas monumentais muralhas acolheram com frequência rainhas de Portugal naturalmente agradadas da sua vila e que souberam beneficiá-la.

A excecional e culta D. Leonor, mulher de D. João II, grande auxiliadora de Frei Miguel Contreiras na magnífica criação das Misericórdias, ela própria fundadora e organizadora de algumas, como a de Óbidos, e de hospitais, e de gafarias, protetora da literatura e da imprensa, elegeu Óbidos para retiro temporário após a morte de seu único filho, o príncipe D. Afonso.

Localização e mapa interativo

O Castelo de Óbidos está localizado na vila de Óbidos, concelho de Óbidos, distrito de Leiria. Fica relativamente perto de Caldas da Rainha.

Imagem de satélite da vila medieval e muralha
Clique na imagem para abrir o mapa de localização

Bilhetes e horários para visitar o Castelo de Óbidos

Em conclusão, para visitar o Castelo de Óbidos não necessita de adquirir qualquer bilhete. A entrada é livre.

No entanto, para conhecer todos os meandros da fortaleza, o ideal é hospedar-se na Pousada do Castelo. É simplesmente divinal!

Referências e bibliografia

O que visitar a seguir

[texto sobre o que visitar a seguir]

Miguel Pinto

Sou o editor principal do site Cidades Portuguesas. Adoro explorar todos os pormenores que deram origem à riqueza cultural das povoações portuguesas. Neste site pretendo dar a conhecer as cidades através dos seus monumentos históricos, das suas igrejas, das suas gentes.

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