A igreja do Convento de São Domingos em Guimarães é uma construção conventual gótica, de cruz latina e 3 naves de 4 tramos, com cabeceira tripla. Claustro quadrangular de 2 pisos, com arcarias largas assentes sobre pares de colunas num esquema vulgar entre fins do séc. 14 e inícios do 15 e que também se vê no convento de Leiria, Santo Tirso e outros.
Conta a história do primeiro Convento de São Domingos de Guimarães que ali ocorreu a reunião entre o rei D. Afonso IV e seu filho D. Pedro, logo após este assumir atitudes de grave rebeldia. Foi neste local que fizeram as pazes.
A demolição da Igreja e Convento de São Domingos
Foi com grande desgosto e espanto que a população de Guimarães recebeu a notícia que o rei D. Dinis ordenara a demolição da Igreja e Convento de São Domingos, concluídos há menos de meio século.
Tinham-se unidos esforços de humildes e fidalgos, altos clérigos de Braga e Guimarães, e até monjas do Lorvão para edificar o convento, e vinha agora o rei mandá-lo demolir?
Havia uma razão relacionada com segurança militar. O infante D. Afonso, filho de D. Dinis, tinha já efetuado um assalto a Guimarães e esteve a vila prestes a ser tomada precisamente porque o convento, situado fora, mas junto da muralha, era de altura tal que permitia um acesso fácil.
A Ordem Dominicana
Foi a própria Câmara de Guimarães que, em 1270, pediu aos Dominicanos que fundassem ali um convento. Reuniram-se em assembleia e decidiram a localização exata da construção. A obra iniciava-se logo a seguir e ficava concluída ainda antes da morte de D. Afonso III, em 1279.
Os Frades Pregadores, da Ordem fundada por São Domingos de Gusmão, gozavam de grande simpatia por parte de toda a população. Apesar de poucos, aqueles dominicanos realizaram um grande trabalho. Nesse século XIII, o apostolado dos Frades Pregadores estendia-se por toda a Europa, chegando à Terra Santa e às mais afastadas missões possíveis.
Reinava já D. João I quando se concluiu a edificação, em grande parte graças ao auxílio da influência e meios económicos do arcebispo de Braga, D. Lourenço Vicente, grande figura da Igreja, defensor do papa Urbano IV e da causa do Mestre de Avis nas Cortes de Coimbra.
Em 1834, com o decreto que extinguia «todos os conventos, mosteiros, colégios e hospícios e quaisquer casas de religiosos das ordens regulares» e incorporava os seus bens na Fazenda Nacional, os frades foram expulsos e a igreja e o convento deixados ao abandono.
Instalações Públicas no Convento de São Domingos
Cinco anos depois, instalavam-se os oficiais do Regimento de Infantaria 18 no convento. Mais tarde foi convertido em Tribunal Judicial.
A igreja, abandonada e desleixada durante sete anos, foi então cedida por D. Maria II à Ordem Terceira de São Domingos. O templo foi reaberto ao público em 1879.
O interior da Igreja de São Domingos de Guimarães
Sóbria e um tanto arcaizante, a Igreja de São Domingos segue o programa austero típico da Ordem Mendicantes que, segundo Jorge Henrique Pais da Silva, «se tornou decisivo na feição definitiva que a paisagem monumental do gótico veio a assumir no país, já pela proliferação daquelas ordens, já porque o seu código estrutural (três naves, planta cruciforme, cabeceira de três ou cinco capelas abobadadas, cobertura de madeira no topo da igreja, etc.) e decorativo com tal força se popularizou que a ele se converteram total ou parcialmente edifícios de outras ordens monacais…»
Apertado entre dois gigantes, o portal barroco é sobrepujado pela rosácea.
Também barroco setecentista, de mais comedida decoração, é o portal da fachada sul. Do lado norte, a estreita torre sineira foi igualmente modificada com coroamento barroco. A nave central, muito mais alta que as laterais, acentua ainda a sua verticalidade, já acusada na frontaria, pela relativa estreiteza. Quatro ramos de arcos apontados, apoiados em pilares compostos de feixes de colunas, dividem as naves bem iluminadas pela rosácea, oito janelas nas naves laterais e oito na central, duas altas frestas duplas nos topos do transepto pouco saliente e sete janelões na capela-mor, dois dos quais de grandes dimensões, fazendo incidir diretamente a luz exterior sobre o altar.
Pequeno museu de arte sacra
De salientar ainda, as abóbadas nervadas das capelas colaterais, o órgão e o belo cadeiral barroco da capela-mor – muito ampliada em relação à primitiva – e o pequeno museu de arte sacra instalado na sacristia, a antiga Capela de Santa Maria Madalena, separada do corpo da igreja e de instituição que data do final do século XVII.
O tesouro, embora pequeno, inclui valiosas peças – alfaias litúrgicas, sacrários, esculturas, pinturas, paramentos, uma cruz processional e uma imagem de prata, quinhentista, de Nossa Senhora do Rosário.
Claustro Conventual
Harmonioso, elegante, bem desenhado, o claustro conventual de arcaria gótica assenta em colunas duplas de capitéis vegetalistas, está hoje integrado no Museu da Sociedade Martins Sarmento.
Localização da Igreja de São Domingos de Guimarães
A Igreja e Convento de São Domingos localizam-se no centro da cidade de Guimarães, na Rua Dr. Avelino da Silva Guimarães.
Coordenadas: Latitude 41.44229, Longitude -8.29702
Horário de funcionamento (ao público)
De segunda a sexta-feira e ao domingo, das 08:00h às 11:00h.
Horário das missas: segundas, quartas e sextas, às 8:00h., domingos às 8:00h e às 10:00h.
Referências:
- As Mais Belas Igrejas de Portugal, Vol. I, Júlio Gil, Edições Verbo
- Património Cultural – Igreja de São Domingos
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