Mosteiro de Alcobaça


O Mosteiro de Alcobaça, cujo nome oficial é Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, é a primeira obra plenamente gótica erguida em solo português. Foi fundado em 1178 pelos monges de Cister.

Vista principal do Mosteiro de Alcobaça
Vista principal do Mosteiro de Alcobaça

Índice

História da construção do Mosteiro de Alcobaça

A fundação da Abadia de Santa Maria de Alcobaça e respetiva Carta de Couto datam de 8 de abril de 1153 consagrado desta forma os domínios da Ordem de Cister.

O Reino de Portugal, com a conquista das cidades de Santarém e de Lisboa, em 1147, avançara para sul em direção à Linha do Tejo. Este facto, obrigava a um povoamento rápido e eficaz para que a expansão cristã prosseguisse para sul.

A proteção dos Coutos foi entregue à milícia da Ordem do Templo, isentando-os, tanto quanto possível, das investidas militares dos mouros.

A respetiva construção foi iniciada em 1178.  Esta data está envolta em grande significado “estratégico”: quatro anos depois, São Bernardo foi canonizado. Será, decerto, uma das primeiras abadias da Ordem a ser construída já com esta intenção.

A importância do Mosteiro de Alcobaça evoluiu num crescendo cultural, religioso e ideológico. A sua monumentalidade é tanto mais evidente quanto mais límpida e austera é a sua arquitetura. Trata-se, de resto, do primeiro ensaio de arquitetura gótica em Portugal: um modelo que ficou sem imediata continuidade e que não foi reproduzido a não ser muito mais tarde, funcionando como um polo quase isolado, uma joia branca na paisagem.

A ordem de Cister

A criação de um plano cisterciense constituiu, na definição e distribuição das diversas edificações do Mosteiro de Alcobaça, um dos mais importantes fatores de normalização dado que, com poucas e justificadas exceções, seria sempre semelhante em toda a cristandade.

As principais dependências do conjunto seriam a Igreja, com orientação definida tal como acontecia com as edificações medievais anteriores e o Claustro, o verdadeiro centro nevrálgico do mosteiro, geralmente localizado a sul do templo, sendo que em Alcobaça e por questões topográficas, se localiza a norte.

Orientação da Igreja

A referida orientação da Igreja significava o seu posicionamento num eixo poente-nascente, ficando a capela-mor virada para Oriente, ou seja, na direção de Jerusalém e do túmulo de Cristo.

Em redor do Claustro distribuem-se as várias dependências conventuais, ficando a Igreja encostada a uma das galerias – a do topo sul, no caso de Alcobaça – seguindo-se, as restantes edificações, segundo uma ordem hierárquica de importância.

Deste modo, no piso térreo encontramos a Sacristia – com acesso pelo Claustro e pelo Transepto, seguindo-se a Sala do Capítulo, onde se reunia o Capítulo da Ordem, o Parlatório, e a Sala dos Monges.

Na galeria oposta à Igreja (norte) situam-se a Cozinha, o Refeitório e o Lavabo.

O refeitório
Refeitório

O primeiro piso do Claustro apresenta belíssimas galerias, cuja construção é datável do reinado de D. Manuel I.

De facto, a localização dos mosteiros cistercienses obedecia sempre a imperativos de implantação em terrenos que não poderiam ter grandes desníveis, isolados, tendo como condição indispensável a presença de água.

No caso de Alcobaça, são os seus dois rios (Alcoa e Baça) que possibilitam a construção do mosteiro, dotado de um sistema hidráulico que alimentava a própria abadia e que permitiu o funcionamento eficaz de latrinas junto do Dormitório.

Ainda hoje se conserva o grande canal que trazia a água para o conjunto monástico – a Levada – atravessando-o de sul para norte, passando por terrenos agrícolas da cerca do Mosteiro, mais tarde ocupados pelo Claustro do Cardeal.

Atividade agrícola dos monges

Ao longo de todo o período que se estende até inícios do século XIX, os monges desenvolveram uma prodigiosa atividade agrícola, hidráulica e de povoamento. Cumprindo escrupulosamente a sua regra, cultivavam as terras, guardavam rebanhos, entregavam-se a todas as tarefas agrícolas, extraíam o ferro, forjavam as alfaias, instalaram as primeiras indústrias do País.

Desbravaram as charnecas e secaram os pântanos. Plantaram pomares, olivais e vinhas.  Em contexto de época, eram notáveis os seus conhecimentos sobre agronomia, irrigação de terras, e até metalurgia.

Não se pode afirmar com certeza que as granjas tenham sido escolas agrícolas. Provavelmente os monges conversos e o mestre da granja, dariam o exemplo e os colonos que aí se fixavam aproveitavam as alfaias e as sementes que lhes eram cedidas, e também as lições e orientação.

O Mosteiro e o povoamento do território

Depois do longo período de implantação, o Mosteiro passou a intervir diretamente no povoamento do território, através de Cartas de Povoação. Estas eram concedidas quando os monges queriam atrair colonos para um determinado local, que era cuidadosamente delimitado, com todas as condições determinadas e só então entregue.

As cartas de povoamento estipulavam o número de famílias que podiam fixar-se na zona, tendo em conta que quanto mais férteis fossem os terrenos, mais densa seria a população. Cada colono recebia uma parcela de terra e segundo indicação dos monges ficariam estipulados os tipos de culturas às quais os colonos deviam dedicar-se. Só mais tarde foram concedidos forais às povoações já suficientemente desenvolvidas para terem jus aos direitos cívicos.

A expansão da abadia

O grande período de expansão da abadia teve início durante o reinado de D. Pedro I (1357/1367) e estende-se até ao reinado de D. João I (1385/1433); porém, com o passar dos séculos os coutos tornaram-se num feudo poderoso, com a figura também poderosa do D. Abade ao centro.

O enriquecimento correspondeu, na prática, a um crescimento territorial.  É com dificuldade que atualmente se conseguem traçar os limites desta imensa área que,  por certo,  abrangia muito mais que os atuais concelhos de Alcobaça e da Nazaré, incluindo também parte dos concelhos da Marinha Grande, Porto de Mós e Caldas da Rainha.

Tamanha riqueza e poder repercutiram-se de forma inevitável sobre a vida religiosa e observância monástica. A sábia administração do domínio deu lugar a um feudalismo exacerbado, com aumento de impostos e nova interpretação dos forais.

Porta Manuelina
Porta Manuelina

A decadência do Mosteiro de Alcobaça

Cresciam os privilégios à medida que o poder e riqueza da abadia aumentavam: a decadência era, portanto, inevitável.

A situação foi fortemente agravada com a instituição do regime das comendas e só conhece melhoras com a instauração da Congregação Autónoma Portuguesa, nos finais do século XVI, dado que os infantes comendatários empreendem melhorias significativas no Mosteiro.

O terramoto de 1755 e as invasões francesas

Em 1755 com o terramoto e em 1772 com as inundações, o Mosteiro sofre graves danos, o que fez com que se recorresse a empréstimos para as obras de reconstrução. Estes deram origem a um terrível colapso financeiro.

Após o grande fausto e opulência dos séculos XVI e XVII e o apogeu do barroco, já não havia forma de travar a decadência financeira. Para agravar este quadro, as invasões francesas de 1810, depauperaram a abadia. Os danos foram irreparáveis na Igreja, com roubos e saques de objetos preciosos e queima de várias dependências do Mosteiro.

As novas ideias introduzidas pela Revolução Francesa, agravaram a hostilidade contra os monges, inviabilizando o recurso a novos empréstimos para a reconstrução. A situação tornou-se ainda mais hostil, quando em 1833, a população local invade o Mosteiro e o saqueia: a estes juntaram-se pessoas vindas dos arredores, bem como os soldados franceses, acantonados em Peniche.

Com grande dificuldade foram salvos manuscritos e livros da Biblioteca que atualmente constituem os valiosos arquivos da Biblioteca Nacional de Lisboa e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

A extinção das ordens religiosas

A extinção das ordens religiosas em 1834, ditou o abandono do cenóbio do Mosteiro de Alcobaça e pela primeira vez em séculos, deu a conhecer aos alcobacenses o interior dos espaços monásticos.

Panteão Real do Mosteiro de Alcobaça

O Mosteiro de Alcobaça foi o segundo panteão da monarquia nacional, depois dos enterramentos régios de Dom Afonso I e de Dom Sancho I em Coimbra.

Localização do Panteão Real na planta do mosteiro
Localização do Panteão Real

Dentro da igreja, para além dos magníficos túmulos de Dom Pedro e Inês de castro, encontram-se os túmulos dos reis Dom Afonso II (1185-1223; túmulo datado de 1224) e de Dom Afonso III (1210-1279).

Túmulo de Inês de Castro

Inês de Castro está representada com a expressão tranquila, rodeada por anjos e coroada de rainha. A mão direita toca na ponta do colar que lhe cai do peito e a mão esquerda, enluvada, segura a outra luva.

Túmulo de Inês de Castro
Túmulo de Inês de Castro

Os temas representados no túmulo são: nos frontais, a Infância de Cristo e a Paixão de Cristo e, nos faciais, o Calvário e o Juízo Final.

Túmulo do Rei Dom Pedro

Os túmulos de D. Pedro I (1320-1367), com o cognome O Terrível ou também O Justo, e o de D. Inês de Castro (1320-1355), que se encontram em cada lado do transepto, conferem, ainda hoje atribuem um grande significado e esplendor à igreja. Estamos sem dúvida perante dois exemplares do que melhor há no mundo em escultura tumular medieval.

Túmulo do rei Dom Pedro
Túmulo do rei Dom Pedro

Após subir ao trono, D. Pedro I vingou a morte da sua amada (afirmando ter-se casado com ela em segredo no ano de 1354) e decretou que se honrasse D. Inês como rainha de Portugal.

Quando, em 1361, os sarcófagos ficaram prontos, D. Pedro I mandou colocá-los na parte sul do transepto da igreja de Alcobaça e, dessa forma, trasladou os restos mortais de Inês de Castro de Coimbra para Alcobaça.

No seu testamento, D. Pedro I determinou ser enterrado no outro sarcófago de forma a que, quando o casal ressuscitasse no dia do Juízo Final, se olhassem nos olhos.

Como visitar o Mosteiro de Alcobça – Horário, Bilhetes, Localização

Se pretende visitar o Mosteiro de Alcobaça verifique tenha em atenção o horário, que é diferente no inverno e no verão. Existem, no entanto, alguns dias no ano em que o Mosteiro está encerrado ao público.

Horário

Nos meses de outubro a março o horário é o seguinte:

  • Das 09h00 às 18h00 (última entrada 17h30)

Por outro lado, nos meses de abril a setembro o horário varia um pouco:

  • Das 09h00 às 19h00 (última entrada 18h30)

Tenha ainda em atenção que a Bilheteira encerra 30 minutos antes do fecho do monumento.

O monumento encontra-se encerrado ao público nos dias: 1 de janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de maio, 20 de agosto e 25 de dezembro.

Localização

O Mosteiro de Alcobaça está localizado no município de Alcobaça, distrito de Leiria, região da Beira Litoral.

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Adquirir os bilhetes

O Bilhete individual custa 6€ (à data de 19/06/2021). No entanto, existem isenções e descontos para crianças até aos 12 anos, jornalistas, bombeiros voluntários, visitas de estudo etc. Terá mesmo que consultar o site oficial para verificar se pertence a algum destes grupos.

No entanto, quero salientar uma das isenções, para todos os cidadãos portugueses e residentes em Portugal aos domingos e feriados.

Entrada gratuita aos domingos e feriados para todos os cidadãos residentes em território nacional;

Referências e bibliografia

  • Site oficial do Mosteiro de Alcobaça
  • O Panteão Régio do Mosteiro de Alcobaça, José Custódio Vieira da Silva, 2003
  • Igrejas de Portugal, Carlos de Azevedo
  • História da Arte em Portugal – O Românico, Carlos Alberto Ferreira de Almeida

Miguel Pinto

Sou o editor principal do site Cidades Portuguesas. Adoro explorar todos os pormenores que deram origem à riqueza cultural das povoações portuguesas. Neste site pretendo dar a conhecer as cidades através dos seus monumentos históricos, das suas igrejas, das suas gentes.

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