Paço Ducal de Vila Viçosa


O Paço Ducal de Vila Viçosa é também conhecido por Paço dos Duques de Bragança em Vila Viçosa.

Este edifício é, sem dúvida, um dos mais emblemáticos monumentos de Vila Viçosa. A sua construção teve inicio em 1501 por ordem de Dom Jaime, quarto duque de Bragança. No entanto, as obras que lhe conferiram a grandeza e características que hoje conhecemos, prolongaram-se sobretudo pelos séculos XVI e XVII.

Vista aérea do Paço Ducal de Vila Viçosa

As origens da Vila Viçosa Medieval

Vila Viçosa encontra-se numa planície ao sopé das vertentes orientais da pequena serra de Borba, onde se formam
dois vales, pelos quais correm, na estação das chuvas, vários ribeirinhos, em direção ao levante, indo depois unir-se e desaguar na ribeira de Borba.

Foi ao vale do Sul, que os portugueses chamaram “Vale Viçoso” no tempo das conquistas aos mouros no Alentejo, que resultou o nome de Vila Viçosa, quando, entretanto, recebeu o foral de concelho perfeito.

O local de implantação da atual Vila Viçosa terá sido ocupado por diversos povos até à sua romanização. No entanto, é do período romano que datam quase integralmente os vestígios arqueológicos existentes neste concelho. Dessa forma, o centro da antiga aldeia romana seria ao redor do Poço do Alandroal. Esse local terá sido, certamente, o centro do aglomerado populacional existente até ao século XIII.

A presença muçulmana

Após o domínio romano, sobreveio, por volta de 715, a presença árabe até 1217.

Nesse ano, a aldeia sarracena é conquistada aos mouros pelos cavaleiros de Avis, ainda durante o reinado de Dom Sancho II. Até 1267, é a Ordem de Avis quem administra estas terras, tendo o processo de repovoamento ficado comprometido por alguns anos, sobretudo devido à inexistência de uma edificação que protegesse quem para aqui quisesse vir habitar. Até então, o local continuará a ser ocupado maioritariamente por mouros, mas agora sob a autoridade do Rei de Portugal.

O foral de Vila Viçosa

Foi então que Dom Afonso II, em 5 de Junho de 1270, atribuiu foral, criando oficialmente o novo concelho. Vila Viçosa ficaria assim com um estatuto e uma autonomia própria.

Foi bastante mais tarde, no rescaldo da crise de 1383-85, que a figura de Dom Nuno Álvares Pereira se torna decisiva no destino que esta vila viria a ter. O vasto património acumulado pelo condestável do reino daria origem, posteriormente, à fundação da Casa de Bragança.

Voltando ao Paço Ducal de Vila Viçosa

Os 110 metros de comprimento da fachada de estilo maneirista, totalmente revestida a mármore da região, fazem deste magnífico palácio real um exemplar único na arquitectura civil portuguesa, onde estadiaram personalidades de grande projeção nacional e internacional.

Fachada de estilo maneirista do Paço dos Duques de Vila Viçosa
Fachada maneirista

De residência permanente da primeira família da nobreza nacional, o Paço Ducal passou, com a ascensão em 1640 da Casa de Bragança ao trono de Portugal, a ser apenas mais uma das habitações espalhadas pelo reino.

Nos reinados de Dom Luís e Dom Carlos as visitas frequentes ao Paço Ducal são enfim retomadas. Assiste-se assim, ao longo do século XIX, a obras de requalificação que visavam oferecer maior conforto à família real durante as excursões venatórias anuais.

A implantação da República em 1910 e, dessa forma, o exílio da família real, levou ao encerramento do Paço Ducal de Vila Viçosa.

No entanto, com a morte de Dom Manuel II em 1932, todos os seus bens são deixados para a criação da Fundação da Casa de Bragança. Dessa forma, o Paço volta a abrir portas, nos anos 40 do século XX, desta vez como Casa Museu.

Ao longo de toda a visita ao Palácio predominam os frescos e azulejos seiscentistas, os tectos em caixotões e pintados assim como as lareiras em mármore que distinguem as diversas salas que acolhem importantes colecções de pintura, escultura, mobiliário, tapeçarias, cerâmica e ourivesaria.

Breve descrição das salas

Sala das Tapeçarias – silhar de azulejos seiscentistas, de padrão, policromos a azul e amarelo, com lareira em mármore branco, pavimento em tijoleira e cobertura abobadada, com pintura fitomórfica;

Sala do Gigante – teto pintado a fresco e um silhar de azulejos seiscentistas figuartivos, policromos a azul e amarelo;

Oratório da Duquesa – possui tecto pintado a fresco com brutescos.

A Sala de Medusa – teto pintado a fresco, paredes decoradas por silhar de azulejos seiscentistas de Talavera de la Reinam, policromos a azul e amarelo, e uma lareira em mármore branco e cinzento, com as armas dos Duques de Bragança.

Sala de Dom Duarte – teto pintado com motivos fitomórficos e pavimento em tijoleira.

A Sala dos Duques ou dos Tudescos – é o salão nobre e a maior do paço, com tecto decorado com caixotões representando os 17 duques até D. José I e os pais do 1º Duque e Duquesa.

Salão principal do Paço Ducal
Salão Nobre

Sala das Virtudes – teto artesoado, com caixotões pintados com as sete virtudes teologais e morais, a salientar a Fé, a Esperança, a Caridade, a Prudência, a Justiça, a Fortaleza, a Temperança e a Sapiência.

Sala de Jantar – teto de masseira pintado com apainelados e medalhões, decorados com motivos clássicos e mitológicos. As suas cinco portas comunicam com o fronteiro Jardim das Damas.

Capela, ou Sala dos Paramentos ou dos Órgãos – cobertura em abóbada de berço, com caixotões pintados por brutescos.

Pavilhão da Música – teto em madeira pintada, com silhar de azulejos seiscentistas, figurativos, policromos a amarelo, azul, verde e vermelho, assinados FIAB, com representação da história de Tobias, com as armas dos Duques de Bragança.

A estátua equestre de D. João IV

Em plano central do Terreiro Ducal de Vila Viçosa, e a poucos metros do palácio, está a esplendida e imponente estátua equestre do rei Dom João IV.

Estátua equestre de D. João IV
Estátua equestre de D. João IV

Panteão dos Duques de Bragança

Num dos lados da Praça, não muito longe do Paço, situa-se o Convento de Santo Agostinho, Panteão dos Duques de Bragança, mandado enobrecer pelo oitavo Senhor da Casa de Bragança e rei Dom João IV para acolher os restos mortais dos seus antepassados e perpetuar a memória dos duques, tratando-se, pois, de “um monumento com uma dimensão simbólica única no âmbito do património alentejano”. No outro lado, a Igreja das Chagas, Panteão das Duquesas, bem como o Convento das Chagas, onde está atualmente instalada a Pousada Dom João IV. Na sua proximidade o Paço do Bispo, onde se encontra o Arquivo da Casa de Bragança. (consulte o nosso artigo sobre a cidade de Bragança)

Localização do Paço Ducal de Vila Viçosa

Em conclusão, este é definitivamente, um monumento a visitar. Sendo assim, indico-lhe a licalização do Paço dos Duques: Terreiro do Paço 10, 7160-261 Vila Viçosa. Ver mapa.

Referências e Bibliografia

Miguel Pinto

Sou o editor principal do site Cidades Portuguesas. Adoro explorar todos os pormenores que deram origem à riqueza cultural das povoações portuguesas. Neste site pretendo dar a conhecer as cidades através dos seus monumentos históricos, das suas igrejas, das suas gentes.

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