A Ponte de Misarela vence um desfiladeiro por onde corre o rio Rabagão, a cerca de um quilómetro da sua confluência com o rio Cávado, entre a freguesia do Ferral (concelho de Montalegre) e a freguesia de Ruivães (concelho de Vieira do Minho).
A ponte assenta em padrões naturais rochosos e ravinosos. Tem apenas um arco, com 13 metros de vão, medindo cerca de 20 metros de altura desde o seu pavimento até ao fundo do vale.
Ver localização da Ponte de Misarela no mapa.
A sua construção é atribuída aos romanos mas, a população local, prefere remeter a sua origem à Lenda da Ponte do Diabo.
Lenda da Ponte do Diabo
De facto, na região, a ponte é conhecida por Ponte do Diabo.
Reza a lenda que um criminosos que andava fugido às autoridades implorou ao diabo que o ajudasse a transpor as águas do Rabagatão, promentendo-lhe assim a sua alma.
O diabo aceitou o negócio e fez com que surgisse ali uma ponte que se destruiria quando o homem morresse e a sua alma fosse reivindicada pelo diabo.
Passado algum tempo, o criminoso arrependido confessou o caso a um sacerdote. O padre conseguiu afastar o demónio e, dessa forma, impedir que a ponte fosse destruída, mantendo-se no local até aos dias de hoje.
A Ponte de Misarela e a 2ª Invasão Francesa
A primeira invasão, comandada por Junot, tinha fracassado. No entanto, Napoleão não desistia de controlar a importante costa portuguesa. Encarregou Soult que, em 1809, entrou por Trás-os-Montes e, num trajeto percorrido com grande violência e destruição, acabou por se instalar no Porto, onde nstalou o seu Quartel-General.
Mas os atos violentos dos franceses teriam resposta. Uma força conjunta liderada por Wellesley, Bereford e Silveira marcharia sobre o Porto levando, dessa forma, à retirada de Soult.
A retirada de Soult
Soult liderou a retirada do Porto em direção a Guimarães, abandonando e destruindo todo o material que não poderia transportar.
Perto de Braga apareceram os primeiros soldados do exército anglo-luso em persiguição dos franceses.
Soult continuou pelo Vale do Cávado deparando-se com as grandes dificludades do terreno e o estado de desânimo dos seus soldados. Seguiu por Salamonde, Montalegre e, por fim, Misarela.
A passagem pela ponte de Misarela foi extremamente difícil. A largura reduzida obrigou os franceses a abandonarem cavalos, muares e outra bagagem valiosa que os estava a atrasar. Por essa altura, já os perseguidores atingiam pela retaguarda o exército em fuga.
No entanto, o exército francês consegue chegar à Galiza, mas num estado deplorável.
Outras histórias sobre a Ponte de Misarela
Existe a crença popular, espalhada por todo o Minho, segundo a qual as mulheres que tivessem problemas de gestação podiam encontrar a solução na ponte de Misarela. Para tal, teriam de estar na ponte à meia-noite e esperar pela primeira pessoa que ali aparecesse a partir daquela hora, e antes do nascer do sol.
Quando aparecia uma pessoa lançava-se um caneco ao rio, preso por uma corda, e deitava-se água no ventre da mulher dizendo “eu te batizo criatura de Deus. Se fores rapaz serás Gervásio, se fores rapariga serás Senhorinha. Em louvor de Deus e da Virgem Maria Padre Nosso e Avé Maria”.
Veja aqui a lista de cidades do Minho e cidades de Trás-os-Montes cujos guias já temos publicados.
Referências
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