Paços da Universidade de Coimbra


A história dos Paços da Universidade de Coimbra confunde-se com a história da própria universidade.

A Universidade de Coimbra foi criada a 1 de Março de 1290, quando o rei D. Dinis I assinou em Leiria o documento Scientiae thesaurus mirabilis, o qual foi intermediado e confirmado pelo Papa. Fixada definitivamente em Coimbra em 1537, sete anos depois todas as suas faculdades se instalam no antigo Paço Real da Alcáçova (denominado Paço das Escolas após a sua aquisição pela Universidade de Coimbra em 1597).

Paços da Universidade de Coimbra

Para ver o mapa deste local clique aqui (Google Maps).

Índice

Breve história da instalação da Universidade de Coimbra

A universidade, inicialmente instalada na zona do atual Largo do Carmo, em Lisboa, foi transferida para Coimbra, para o Paço Real da Alcáçova, em 1308. Voltou, entretanto, em 1338 para Lisboa, onde permaneceu até 1354, ano em que regressou para Coimbra. Ficou nesta cidade até 1377 mas, no entanto, voltou de novo para Lisboa neste ano.

Permaneceu em Lisboa até 1537, data em que foi transferida definitivamente para a cidade de Coimbra, por ordem de D. João III. Sete anos mais tarde todas as suas Faculdades se instalam no histórico Paço Real da Alcáçova. Data de 1597 a aquisição (a Dom Filipe I), pela Universidade de Coimbra, do Paço da Alcáçova, que a partir daí passou a designar-se Paço das Escolas (o centro histórico da Universidade).

Claustros do Paço da Universidade de Coimbra
Claustros

A universidade recebeu os seus primeiros estatutos em 1309, com o nome Charta magna privilegiorum.

A Biblioteca Joanina

A Biblioteca Joanina é, sem dúvida, uma obra-prima do Barroco. Inicialmente Casa da Livraria, foi edificada sob o patrocínio de Dom João V, adotando a designação de Biblioteca Joanina em homenagem ao seu patrono.

Construída de modo a exaltar o monarca e a riqueza do império, principalmente da provinda do Brasil, esta biblioteca é, para além de uma esplendorosa combinação de materiais exóticos, um verdadeiro cofre forte de livros.

Biblioteca Joanina
Biblioteca Joanina

Concebida como um paralelepípedo disposto em altura para vencer a diferença de cota, encostado à cabeceira da Capela, abre para o pátio o piso principal correspondente às salas nobres, a que se acede por um portal monumental, como um arco de triunfo, ladeado de colunas jónicas e dominado por um magnífico escudo real.

No interior aguarda o visitante uma sucessão de três salas comunicantes que, sabiamente, conduzem o olhar do visitante para o retrato do patrono, D. João V, da autoria do pintor saboiano Domenico Duprà.

O interior, realizado por Manuel da Silva ao longo de 40 meses, é integralmente revestido por estantes forradas a folha de ouro e decoradas com motivos chineses. Dessa forma, estabelecem uma interessante relação cromática com os fundos pintados a verde, vermelho e negro.

Em contraste com o pavimento em pedra calcária cinzenta e branca, ressaltam os coloridos tetos decorados com alegorias dedicadas ao triunfo da Universidade.

Descrição técnica do monumento

Paços medievais e manuelinos adaptados a Universidade, evidenciando dessa forma a transição para formulário renascentista. Adoção do modelo de palácio urbano com corpos organizados ao redor de pátio. Fachadas rasgadas de eirados e varandas abertas ao exterior. Portal monumental à imagem de um arco triunfal romano, com posteriores e profundas intervenções maneiristas (retábulo-mor da Capela, Sala Capelos, Porta Férrea), barrocas (Torre e Biblioteca), pombalinas (Gerais, Paço das Escolas) e neoclássicas.

Capela da Universidade de Coimbra
Capela da Universidade de Coimbra

A Universidade respeitou basicamente o perímetro dos primitivos Paços, tendendo todavia a uma planimetria em “U” (duplicada no conjunto Biblioteca – Escadas de Minerva), que a construção do novo Observatório viria derrogar.

Na Biblioteca, evidente antítese entre a simplicidade exterior e a profusão decorativa do interior subvertendo assim a unidade estrutural. Em todo o conjunto é visível, dessa forma, a componente simbólica, representativa da ideia de Universidade fundamentada no poder régio e eclesiástico. Destacam-se sobretudo as galerias de retratos dos reitores, da autoria de António Simões e de reis de Carlos Falch. Destaca-se ainda o monumental programa escultórico, com pontos altos na Porta Férrea, pórticos Via Latina e Colégio São Pedro. Além disso, destaca-se um magnífico conjunto de azulejos de fabrico coimbrão, cobrindo os períodos maneirista, barroco, rococó, pombalino e, por fim, neoclássico.

Referências e bibliografia

Miguel Pinto

Sou o editor principal do site Cidades Portuguesas. Adoro explorar todos os pormenores que deram origem à riqueza cultural das povoações portuguesas. Neste site pretendo dar a conhecer as cidades através dos seus monumentos históricos, das suas igrejas, das suas gentes.

Artigos Recentes