A Torre dos Clérigos é um dos mais imponentes monumentos da cidade do Porto, com 75 metros de altura. A sua construção teve início em 1748, terminando em 1763, e o seu autor é Nicolau Nasoni.
A Igreja e a Torre integram uma edificação do século XVIII, de inspiração barroca, que marcou a configuração urbana da cidade, localizada numa rua desnivelada, mas genialmente aproveitada por Nicolau Nasoni, que conseguiu criar assim um edifício de referência.
A Casa da Irmandade, que está aberta ao público desde 2014, une os dois monumentos, igreja e torre.
Índice deste artigo
- Nicolau Nasoni
- A Torre
- O Museu
- A Igreja
- Como Visitar (mapa, horários, bilhetes)
- Referências e bibliografia
Nicolau Nasoni
O projeto foi desenhado por Nicolau Nasoni. Nasoni nasceu em Itália e trabalhou em Siena. Foi aí onde certamente terá adquirido a sua formação de base. À passagem por Roma, seguiu-se uma estadia em Malta, onde trabalhou para o grão-mestre D. António Manuel de Vilhena. Foi dessa forma que conheceu Roque Távora e Noronha, irmão do deão da Sé do Porto, D. Jerónimo. E foi assim, com certeza, que acabou por ser convidado para se mudar para aquela cidade. Assim, em 1725, já estava a trabalhar na Sé, edifício onde deixou a sua marca.
Nasoni soube contornar todas as dificuldades que se lhe apresentavam com ideias criativas e eficazes. O terreno onde emerge a torre é demasiado estreito, embora longo, para algo que se pretendia tão imponente. Para contornar este obstáculo, Nasoni optou por isso pela construção de uma só torre (e não as tradicionais duas torres). Além disso colocou-a nas traseiras da igreja, e não na fachada.
Nasoni esteve envolvido nas obras de remodelação da Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (Frontaria e fachadas laterais.
A Torre
No ano de 1753, a pedido da Irmandade dos Clérigos, o arquiteto italiano Nicolau Nasoni apresentou o projeto para uma torre sineira, e em 1754 arrancariam as obras daquela que viria a ser a mais bela e altaneira Torre, dominando toda a paisagem urbana do Porto. Em julho de 1763, com a colocação da cruz de ferro no topo, e a imagem de São Paulo no nicho sobre a porta, deu-se por finalizada a sua construção.
As características barrocas que a definem são inegavelmente a expressão máxima da espetacularidade deste estilo arquitetónico. Dessa forma, os motivos típicos deste estilo, dão à torre movimento e beleza.
A mais de 75 metros de altura, depois de subir 225 degraus e chegar ao topo da torre, a vista sobre a cidade é deslumbrante. Numa perspetiva a 360°, o visitante frui, sem dúvida, de um momento único, quer de dia ou de noite, quando em épocas especiais, a torre abre as suas portas até às 23:00h.
A Torre dos Clérigos, é sem dúvida, o ex-líbris da cidade do Porto, e um excelente local para apreciar a arquitetura urbana da capital do Norte.
O Museu
O percurso pela Casa da Irmandade (1754-1758), onde se localiza o Museu, propicia um regresso ao passado. Experienciamos, desse modo, o percorrer de espaços que, em tempos, foram privados e destinados ao quotidiano da Irmandade dos Clérigos.
Percorrendo a Casa do Despacho, a Sala do Cofre, o Cartório, e a antiga enfermaria, percebe-se que o Museu possui um acervo constituído por bens culturais de valor artístico considerável. São peças que datam desde o século XIII até ao século XX, sobretudo coleções de escultura, pintura, mobiliário e ourivesaria. Esses bens são mensageiros de um património histórico e cultual, cuja função perdida na passagem do tempo, deu lugar à sua musealização.
A enfermaria da Irmandade dos Clérigos que funcionou até finais do século XIX dedicada ao tratamento dos clérigos doentes, foi convertida num espaço expositivo, e acolhe atualmente a coleção Christus. Esta exposição foi concebida a partir da doação de uma coleção por parte de um colecionador particular. Conta, desse modo, uma história complementada com objetos, outrora de devoção, considerados hoje legados culturais de interesse. São sobretudo peças de escultura de vulto, pintura e ourivesaria que enaltecem o encontro da arte com a fé.
A exposição, distribuída por três salas – Núcleo da Paixão, Viagem das Formas e Imagens de Cristo – convida a uma viagem pelo tempo e pelo espaço, pela imagem e pela devoção.
O Museu da Irmandade dos Clérigos, integra a Rede Portuguesa de Museus, desde 28 de agosto de 2018.
A Igreja
A doação de um terreno, localizado no Campo do Olival, à época o maior terreiro portuense, permitiu à Irmandade dos Clérigos construir igreja própria.
O projeto da Igreja dos Clérigos, igualmente da autoria de Nicolau Nasoni, foi aprovado na reunião da Irmandade dos Clérigos, em dezembro de 1731. Entretanto as obras arrancaram em abril de 1732, com a abertura dos alicerces. Iniciou-se assim a construção daquela que viria a ser a primeira igreja em Portugal com planta em forma de elipse. E não só. A galeria que circunda toda a nave, possibilitando observar a igreja no seu todo, é, do mesmo modo, uma característica singular deste templo. As várias janelas existentes permitem a entrada de luz. Isto realça o esplendor da talha dourada, presente na igreja, criando assim um belo jogo de cores com o mármore.
A cúpula ostenta o brasão de armas da Irmandade dos Clérigos, em granito fingido, e assenta sobre seis pilastras. Destacam-se sobretudo dois púlpitos e duas grades, os exemplares mais antigos de talha dourada na igreja, e abrem-se quatro altares laterais: o do Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora das Dores, Santo André Avelino e São Bento.
Dezassete anos depois, em 1749, a edificação da igreja era, finalmente, dada como concluída, mas o seu apetrechamento, e mais tarde, a ampliação da capela prolongariam por mais uns anos as obras na igreja.
A capela-mor
Ao fundo, a espaçosa capela-mor de forma retangular oblonga (mais comprida que larga), é embelezada com um altar de mármore e um retábulo de inspiração rococó, com risco de Manuel dos Santos Porto. Predomina no altar um trono coroado pela imagem da padroeira, Nossa Senhora da Assunção. Nos flancos do retábulo, destacam-se os co-padroeiros da Irmandade dos Clérigos, São Pedro ad Vincula e São Filipe Néri, duas esculturas de madeira pintadas.
Por fim, a capela-mor é ladeada pelo cadeiral e pelos dois órgãos de tubos ibéricos ou “à portuguesa”. O cadeiral terminaria em 1777 e os órgãos apenas dois anos depois.
Visitar a Torre dos Clérigos
Localização
A Torre dos Clérigos está localizada no centro da cidade do porto, relativamente perto da Avenida dos Aliados. A morada exata é RUA DE SÃO FILIPE DE NERY, 4050-546 PORTO. Poderá, da mesma forma, obeter mais informações contactando esta entidade pelo telefone +351 220 145 489, ou ainda pelo email info@torredosclerigos.pt.
Horários
A saber, poderá visitar este monumento todos os dias, das 9:00h às 19:00h, com as seguintes exceções:
- 24/12 – 09h30 às 14h00
- 25/12 – 11h00 às 17h30
- 31/12 – 09h30 às 17h30
- 01/01 – 11h00 às 17h30
Além disso, poderá assistir às missas que se realizam todos os domingos às 21:30h.
Bilheteira
O preço normal do bilhete é de 6€, que inclui a Torre e o Museu, sendo gratuito para crianças até aos 11 anos (inclusivé). No entanto, poderá beneficiar de descontos com o Porto Card (50%) ou adquirindo um bilhete conjunto para Torre dos Clérigos + Palácio da Bolsa + MMIPO que fica por 18€.
Referências e bibliografia
- Página oficial da Torre dos Clérigos
- Igreja e Torre dos Clérigos – SIPA (Monumentos.gov.pt)
- A Igreja e a Irmandade dos Clérigos. Apontamentos para a sua História, Bernardo Xavier Coutinho
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