O Castelo de Alenquer é um castelo gótico, bem ajustado à topografia do terreno. Nos primeiros anos do século XIII, o castelo era uma das mais importantes praças fortes da região imediatamente a Norte de Lisboa.
Neste artigo
- História do Castelo de Alenquer
- Lendas de Alenquer
- Descrição do monumento
- Localização do Castelo e como visitá-lo
- Referências e Bibliografia
- Visitar também
História do Castelo de Alenquer
A história do Castelo de Alenquer começa no século V, quando os Álanos atacaram os Visigodos instalados na Península Ibérica. Para consolidar a sua presença na região, os Álanos fundaram a povoação onde hoje é Alenquer e denominaram-na Alan Cana (“Templo dos Alanos”).
No entanto, passados uns 150 anos, os Visigodos conseguiram reconquistar esta região e conseguiram-na manter por outro século e meio. Até ao período das conquistas muçulmanas, no ano de 714.
A edificação da fortaleza de Alenquer
Os mouros souberam aproveitar os recursos defensivos locais e edificaram uma fortaleza considerada, sem dúvida, muito difícil de ultrapassar.
A fortaleza esteve na posse dos mouros durante 4 séculos. Mas, no dia de São João, do ano de 1148, Dom Afonso Henriques decidiu que era altura de adicionar mais um castelo ao recente reino de Portugal. Após um cerco de 2 meses, os muçulmanos finalmente desistiram e abandonaram o Castelo.
Lenda de Alenquer
Conta a lenda que na manhã da batalha decisiva, quando o rei português se refrescava no rio, observaram que na muralha se encontrava um cão (alão). O fiel vigilante, ao contrário do que seria de esperar, não assinalou a presença de estranhos tão perto da muralha, ladrando.
Dom Afonso Henriques encarou essa atitude como bom presságio e ordenou o ataque dizendo: “Alão quér!“.
Teriam sido estas palavras, segundo a lenda, que deram origem ao nome da povoação de Alenquer.
Travou-se então um difícil combate do qual os cristãos sairam vitoriosos.
Acerca do cão “Alão” é contada ainda uma outra lenda.
Diz-se que, todas as noites, o cão passava nas muralhas com a chave do castelo na boca para as entregar na casa do governador.
Sabendo disso, os cristãos prenderam uma formosa cadela a uma oliveira próxima. O cão, atraído pela cadela, desviou-se do seu trajeto habitual caindo na armadilha. Os cristão apanharam, dessa forma, o cão e as chaves que este transportava. A conquista do castelo seria então muito mais fácil.
No brasão do concelho podemos observar um cão junto de muralhas e uma cercadura com 14 rosas, uma por cada freguesia do município.
Período cristão
Dom Afonso Henriques mandou reparar as muralhas e repovoar a vila. Sofreu várias tentativas de reconquista por parte dos mouros mas conseguiu sempre repelir os ataques.
Dom Sancho I mandou erguer um Paço Real doando-o a sua filha, Dona Sancha. Com efeito, esta princesa foi muito querida por toda esta região. Residiu aqui durante muitos anos e foi sempre muito generosa com toda a povoação.
Dom Afonso II não concordou com a doação de seu pai à sua irmã pois considerava Alenquer uma praça demasiado importante para não pertencer à coroa (ao Rei). Esta disputa deu origem à intervenção do próprio papa. Mesmo com a morte de Dom Afonso II a disputa continuou. Por fim, a vila acabou por passar mesmo para a posse da coroa, em 1214.
Senhorios de Dona Constança e Dona Leonor
Posteriormente, em 1340, o senhorio de Alenquer passou para a posse de Dona Constança, esposa do futuro rei Dom Pedro I.
A Dona Constança sucedeu, entretanto, Dona Leonor Teles, esposa de Dom Fernando. Logo após a morte do Conde de Andeiro e sequente aclamação do Mestre de Avis (crise 1383-85), Dona Leonor utilizou a segurança das muralhas do Castelo de Alenquer como refúgio.
Residência Real
Alenquer foi inegavelmente um local de residência real. Em 1287 Dom Dinis e Dona Isabel. No ano de 1374, Dom Fernando. Já em 1384 foi a vez de Dom João I. Da mesma forma, em 1435, Dom Duarte também cá passou uma temporada.
Posteriormente, em 1439, a corte este aqui instalada. De maneira idêntica, em 1496, Dom Manuel fez de Alenquer a sua residência.
O Castelo de Alenquer nas invasões francesas
Não há certeza sobre uma eventual ocupação da praça de Alenquer durante as invasões francesas. No entanto, sabemos que sofreu pesados estragos, particularmente em 1810, após a Batalha do Buçaco.
A Vila de Alenquer foi também a sede do Quartel-General de Massena.
Foi, sem dúvida, com muita tristeza, que se assistiu ao infeliz desmantelamento de parte da sua fortaleza para aproveitar a pedra para outras finalidades.
Descrição do monumento
O Castelo de Alenquer é um castelo de planta irregular alongada, conforme depreendemos facilmente pela morfologia do terreno e pela organização urbana, onde se observam ainda restos da antiga alcaçova.
Infelizmente, do seu perímetro subsiste apenas um troço a noreoeste, um outro a norte e a Torre da Couraça.
O troço virado a norte conserva ainda três torres de planta quadrangular. Duas delas estão sobre a porta de arco pleno.
A torre da esquerda, com forte esbarro inferior, bem como a que lhe fica mais a nordeste, são encimadas por terraço com parapeito, e a da direita por construção quadrangular com telhado de quatro águas e pequena sineira. O acesso faz-se por vão de arco pleno, frente ao qual a muralha faz um pequeno ressalto.
Os panos de muralha são coroados por merlões quadrangulares e corridos por adarve. Contudo, é de notar que, em alguns troços, estão aliás protegido por parapeito.
A torre da couraça, com uma altura de 18.60 m, ergue-se num plano mais baixo, perto do rio. Apresenta planta quadrangular e, anteriormente, ligava-se a um corredor defendido por muralha. Ambas foram reaproveitadas para habitação, tendo-se levantado sobre os seus muros várias construções.
No interior existe uma fonte. Da alcaçova restam, infelizmente, apenas alguns panos de muro.
Localização do castelo e como visitá-lo
Antes de tudo, alerto que que resta do castelo é apenas alguns troços de muralha e algumas torres que se confundem com outras construções recentes. É, no entanto, um local digno de paragem.
É um espaço aberto podendo, dessa forma, ser visitado em qualquer dia e em qualquer hora, sem qualquer limitação. Fica localizado na vila de Alenquer e é acessível principalmente através da Calçada Damião de Góis (entrada Porta da Conceição). Clique na imagem seguinte para aceder ao mapa interativo do Google Maps.
Referências e bibliografia
- Ficha SIPA – Castelo e Cerca Urbana de Alenquer, Direção-Geral do Património Cultural
- Artigo da série Monumentos de Invocação Militar no Jornal do Exército, Fevereiro 1972, Cor. Bastos Moreira
- Património Cultural – Castelo de Alenquer
- Castelo de Alenquer – Foto de Vitor Oliveira (ao abrigo da licença Creative Commons)
O que visitar a seguir
A partir de Alenquer poderá seguir para o litoral até Mafra, onde sem dúvida, o monumental convento despertará de imediato a sua atenção.
Poderá, da mesma forma, seguir até Sintra onde o Palácio da Pena é apenas um dos muitos pontos de interesse desta vila fabulosa.
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